12 dezembro, 2011

J.L.C

Queria conseguir dizer como me sinto para que o sentimento pudesse aliviar. Acho que já merecia um desfecho menos destruidor porque, apesar de tudo, disponibilizo-me a arriscar e a deixar que alguém entre.
Não sei o que era suposto aprender com isto. Que ninguém presta, que ninguém tem carácter, que a única forma de sobreviver é conseguir, aceitar e querer ser sozinha. Ou que não sou “gostável”.

Tenho-me esforçado tanto para aceitar esta forma de vida. Esta "hopeless emptiness"Preciso de fechar todas as persianas de mim e não as voltar a abrir.
É fundamental interiorizar isto. Não ceder, não me entusiasmar, não pensar que desta vez – da próxima vez – as coisas podem ser diferentes.

As coisas, invariavelmente, são punhais enterrados até ao cabo no meu peito. No meu coração sobram já poucas veias, ramos, válvulas, aurículas, artérias, ventrículos sem lâminas cravadas.
A verdade é que não há alívio possível. Aliviar, puxar uma das facas, neste estado em que me encontro, pode fazer-me sangrar até à morte. Se doer um bocadinho menos ainda penso que tenho estrutura para me deixar encantar mais uma vez, viver o momento, não pensar no desfecho da aventura. O que fosse seria.

Não se pode acreditar em nada nem em ninguém. Voltar a acreditar é morte certa.

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