16 abril, 2012

No tempo em que ignorava que o coração se fecha a cada golpe e que quanto mais se vive maior é o medo, expunha-me sem hesitar escrevendo cartas de amor

Chegaste atrasado mas não importa.
Sempre existi a pensar em ti. Sempre, sobretudo às vezes, carreguei o peso da tua ausência e enquanto não chegaste não vivi, fui vivendo.
Durante todos os dias, de todos os meses, de todos os anos, em que o tempo se divertiu a  tentar fazer-me pequena, a gritar constantemente  continuas sem eletentei esquecer a única verdade que sei dar sentido à minha vida. Fingi desprezar a importância de te ter porque  não te tinha ainda. 
Para sobreviver convenci-me de que nunca ias  aparecer.

Ainda demoras muito? Vem depressa, por favor.
Eu a presenciar coisas bonitas e nem sinal de ti.

Está tudo bem, também não preciso de ninguém.

Eu, com uma acomodação que entristece e destrói, aniquiladora do  ímpeto e da vontade e tu desaparecido. Eu, anestesiada de tédio, cansada de te procurar e não encontrar. Eu, com ataques periódicos de auto-piedade.

E foi então que vieste, apareceste-me Clean.

Conheci finalmente o teu rosto e vi-me obrigada a deixar cair a minha convicção inabalável de que estaria sempre sozinha. Tive medo de me entregar porque depois de ver as cores do meu mundo a preto e branco seria trágico voltar àquela existência dormente. Para não me magoar quis precipitar o fim - e olha que me bati bem. Só que tu, minha vida, tomaste-me nos braços e mostraste-me a felicidade dos momentos partilhados, colaste com carinho os caquinhos da minha personalidade partida.

Fizeste-me mulher, mulher, mulher.

Sabes que agora o tempo não pesa, passa, voa e grita Amo-te sempre, sobretudo às vezes.




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